Se todos queremos um mundo melhor? Creio que a resposta é sim. E, quando penso sobre isso, me pergunto por onde devemos começar e qual atitude tomar.
Alguns acreditam que a transformação venha com ações dos nossos governantes, com investimentos maiores em educação, saúde e outros. Claro que não descartamos esta necessidade, já que estamos em 64ª no ranking dos países avaliados pelo IMD World Competitiveness Center – estudo que compara a prosperidade e a competitividade de 64 países, mas sabemos que terceirizar para o Estado toda a responsabilidade de melhorias do mundo no qual vivemos não basta.
Sabemos o quanto o investimento em educação é fundamental para formação do ser humano, porém em certos momentos nos vemos com poucas possibilidades de influenciar ou interferir nas ações tomadas por aqueles que definem as leis ou que são responsáveis pela gestão do nosso país. Prefiro, dessa forma, não me aprofundar nas atitudes de nossos governantes, mas, como psicóloga, propor uma reflexão sobre a formação do ser humano, vista sob a ótica da ciência e da psicologia.
Aos 45 dias de vida fetal, já possuímos todas as células nervosas que vamos ter durante nossa vida e tais células são as primeiras a se formar. Mas, a saga da maturidade neurológica segue após o nascimento e se estende até completarmos nossos 24 anos aproximadamente, período no qual ocorre a maturação do córtex pré-frontal, área responsável, dentre várias funções, pela formação do juízo crítico.
Durante este longo período que vai da infância até o início da vida adulta, cuidadores e responsáveis pela educação das crianças têm a oportunidade de contribuir para a formação intelectual e social da nova geração. Mudar o mundo é um desejo utópico, mas pequenas atitudes podem transformar a realidade na qual vivemos.
Devemos buscar entender que as crianças não são como as árvores, que basta plantar e regar que elas crescem naturalmente. O psiquismo humano é muito frágil e ele se constitui através das diferentes formas de cuidados que cada criança recebe ao longo de sua infância.
As crianças necessitam de um cuidador que as ajude em seu desenvolvimento saudável, coordenando e proporcionando o devido atendimento de suas necessidades físicas e emocionais.
Nem sempre as informações sobre como ajudar a construir um psiquismo saudável em nossos filhos estão disponíveis em canais de fácil acesso. Educar uma criança requer esforço na busca por informações construídas com base na ciência e não nos “achismos” de pessoas que opinam sem conhecimento científico (algo comum nas redes sociais).
É importante observar as crianças, entender a dinâmica de cada família e buscar orientação profissional ou leituras que orientem (com base na ciência) os melhores caminhos para a formação de um ser humano. Uma boa sugestão é preferir leituras e informações que apresentem o acolhimento, a atenção e o afeto como um caminho de educação.
Sejam ávidos por conhecer como o psiquismo humano se forma e como nós, psicólogos, podemos ajudar na construção de uma mente saudável. Eis aqui o que está sob nosso controle (educar nossos filhos com consciência) e a semente para podermos construir um mundo melhor.
Vamos começar? O primeiro passo é fazer escolhas conscientes na educação de nossos filhos.